terça-feira, 7 de outubro de 2014

Argumentos contra o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa




A discussão sobre o novo acordo ortográfico da língua portuguesa ainda está longe de terminar. Pelo contrário, ao que tudo indica o impasse vai permanecer. É de grande interesse para todos os falantes e usuários do nosso idioma entender os argumentos de lado a lado. No verbete da Wikipédia é possível ler todo o percurso deste imbróglio. Da parte dos brasileiros, os interesses se resumem ao prestígio internacional da língua portuguesa e aos aspectos vantajosos para o mercado editorial. Já pelo lado dos Portugueses os argumentos se prendem às razões etimológicas de grande importância para os estudiosos da linguagem. Estes argumentos foram compilados por mim e a seguir apresentados tal e qual se encontram na enciclopédia virtual. Assim reunidos eles têm um impacto maior e se tornam interessantes para a formação da opinião dos brasileiros sobre este assunto de interesse coletivo. O material deve servir como subsídio para a discussão. Façam uma leitura atenta dos argumentos e depois me escrevam contando suas conclusões.


Compilação dos argumentos contrários


Segundo Vasco Graça Moura, o reconhecimento oficial de grafias duplas e múltiplas enfraquece seriamente a unidade da língua portuguesa escrita e "vai mesmo contra o conceito de ortografia". Ainda segundo o escritor e político português, as facultatividades permitem "pôr num saco todos os casos duvidosos, a pretexto de que pode haver diferenças entre a pronúncia portuguesa e brasileira, abrindo inaceitavelmente a porta a todas as diferenças de grafia e mesmo, no limite, à opção individual por determinada maneira de escrever (…) chegando ao ponto da lei do menor esforço e do facilitismo".125 e afirma que a ideia do Acordo partiu do presidente brasileiro José Sarney, tendo na altura enviado um emissário aos PALOP com esta finalidade, e salienta que "para o Brasil, mais realista e mais pragmático, tudo era, desde o início, uma pura questão de mercado".


Em parecer de 2005 solicitado pelo Instituto Camões e elaborado por Inês Duarte, professora catedrática de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: "os negociadores do Acordo autorizam duplas ou múltiplas grafias no interior de cada país, com base num critério da pronúncia, que em nenhuma língua pode ser tomado como propriedade identificadora dum sistema linguístico e da(s) sua(s) respetiva(s) norma(s) nacionais, mas sempre e apenas de uma sua variedade dialetal ou social".


João Andrade Peres, também professor catedrático de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, num parecer de 2008 sobre as facultatividades, escreveu: "O Acordo em análise admite grafias facultativas para a língua portuguesa em toda a sua extensão, sem quaisquer restrições além da existência (onde quer que seja) de uma pronúncia culta que as sancione. Em última análise, é deixada ao livre arbítrio de cada cidadão a escolha da grafia, pondo-se em causa a função da língua escrita como fator de coesão social".


Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura do governo português, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e deputada do Partido Socialista, apontou como uma das principais fragilidades do Acordo Ortográfico "o facto de acabar por nem sequer se revelar uma versão fraca de unificação ortográfica, como se pretendia, mas antes uma versão permissiva, erigindo o princípio da facultatividade excessiva, o qual vai contra o próprio conceito normativo de ortografia, originando nomeadamente a possibilidade do uso de duplas grafias dentro do mesmo país, isto é, abrindo a porta à heterografia"


António Emiliano, professor de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, acentuando a linha de argumentação de Pires de Lima, afirmou que "o estabelecimento generalizado da grafia dupla nos domínios da acentuação, das consoantes mudas e da maiusculização, minará a estabilidade do ensino da Língua Portuguesa (ferramenta que abre a porta a todas as outras disciplinas) e porá em causa a integridade do uso e da difusão internacional da língua portuguesa, valores que a Constituição consagra (Art.º 9.º. al. f). A possibilidade de se escrever de forma alternativa uma quantidade enorme de palavras e de expressões complexas deixa ao arbítrio de cada utilizador individual a estrutura da 'sua' ortografia pessoal...


Numa consulta quanto à aplicação do Acordo levada a cabo em 2005 pelo Instituto Camões, na qual foram inquiridos 27 organismos universitários e editoriais, treze abstiveram-se e apenas dois dos catorze que responderam não levantaram reservas à entrada em vigor imediata do tratado — a Academia das Ciências de Lisboa e a Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa — entidades diretamente envolvidas na elaboração do próprio Acordo. As críticas incidiram principalmente na artificialidade da aproximação da escrita do português de Portugal à do Brasil e na questão das facultatividades, chegando algumas instituições, como a Associação Portuguesa de Linguística e o Departamento de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a propor a suspensão imediata do Acordo.


Retirado da Wikipédia por Victor Lourenço


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